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O mercado construção civil costuma ser sólido mesmo em momentos de crise econômica. No entanto, estamos experimentando no Brasil uma alta no preço de insumos para construção civil. Será que esse crescimento pode prejudicar o setor?

Sem dúvidas. Há segmentos deste mercado que estão mais suscetíveis ao prejuízo devido à alta no preço dos materiais de construção. 

Pensando em situar o leitor na situação atual, explicamos um pouco sobre como está o mercado construção civil. Confira!

Panorama no mercado construção civil

Alta de insumos e desabastecimento

No início de 2021, o Brasil experimentou o agravamento da pandemia e alguns impasses no orçamento. Sem entrar a fundo na questão, basta pontuar que este é um cenário macroeconômico bastante desafiador. As expectativas de inflação no país aumentaram, o que causa impacto direto nos juros. 

Neste contexto, como ficou o mercado construção civil? Incerto. Esse momento econômico delicado trouxe incertezas sobre os custos de financiamento à construção. Tivemos novas medidas de restrição em março, que desaceleraram as vendas e geraram atrasos nos lançamentos previstos para o primeiro trimestre.

Estes eventos marcantes prejudicaram a indústria no curto prazo. Muitos especialistas apontam que o maior impacto será nas empresas atuantes no segmento de baixa renda. Elas serão afetadas pelos preços estabelecidos no programa Casa Verde e Amarela, do governo federal, bem como pela elasticidade da demanda dos consumidores desta categoria.

Este programa é voltado para famílias com renda mensal entre R$ 2.500 e R$ 4.500.De acordo com os indicadores divulgados pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), essa faixa corre mais risco por ser a que representa menor margem de lucro para as empresas contratadas. Na prática, pode diminuir a vontade das empresas em atuar neste programa de habitação.

A CBIC trouxe dados importantes para entender como está a construção civil neste novo contexto:

  • Cerca de 51% dos empresários assinalaram que o principal problema enfrentado pelo setor no quarto trimestre de 2020 foi a falta ou o alto custo de matéria-prima, o que gerou insegurança, em especial para as vendas já contatadas;

  • Aumento de 6,7% nas vendas no quarto trimestre de 2020, comparado ao mesmo período de 2019;

  • Aumento de 3,9% nas vendas no quarto trimestre de 2020, comparado ao trimestre anterior;

  • Queda de 17,8% no número de lançamentos em 2020 comparado a 2019;

  • Aumento de 9,8% na compra de imóveis novos (apartamentos).

Em 2020, registrou-se a maior alta de preços de insumos em todo o período pós Plano Real. Os preços do material de construção subiram 19,60%, mas certos insumos tiveram aumentos de mais de 50% no mesmo período. Aço, PVC, cimento, cabeamentos de cobre e blocos de cerâmica puxam os preços para cima.

Além do aumento no preço de insumos da construção civil, os especialistas também consideram o desabastecimento de muitos materiais como algo muito preocupante.

Isso porque as obras contratadas em 2020 utilizaram previsões que se basearam em outros valores. Naquela previsão, existiria um resultado positivo para a empresa. Atualmente, será prejuízo. 

Solidez do mercado na pandemia

Os dados da CBIC trazem a confirmação de uma pesquisa realizada anteriormente pela consultoria BRAIN Inteligência Estratégica: houve um aquecimento do mercado construção civil em plena pandemia, mesmo com a alta nos preços dos insumos. A demanda aumentou no Sul e no Centro-Oeste.

Isso prova a solidez da construção civil mesmo em momentos de crise. E quais foram (são) os motivos pelos quais este mercado vem se mantendo aquecido em plena pandemia? O menor patamar da taxa Selic (2%) e a busca por conforto.

A taxa básica de juros da economia brasileira chegou a atingir 2% durante a pandemia. Atualmente, ela está em 5,25%. Quando a taxa Selic está baixa, os financiamentos imobiliários são impulsionados. Como essa é a forma mais comum de aquisição de imóveis no Brasil, muitas pessoas físicas e jurídicas aproveitaram o momento para conseguir crédito junto a instituições financeiras.

Além da baixa dos juros, a demanda na construção civil aumentou muito devido à mudança de comportamento do consumidor. O trabalho remoto e a necessidade de se manter em casa fez com que as pessoas valorizassem o ambiente residencial.

A demanda por mais comodidade e conforto foi essencial para impulsionar as vendas, especialmente de imóveis maiores, em condomínios com áreas comuns. 

Esses dois fatores explicam a solidez do mercado construção civil em plena pandemia. E o que podemos esperar para o setor nos próximos meses?

Tendências dos próximos meses para a construção civil

Mesmo vindo de uma pandemia de crescimento nas vendas, o mercado construção civil pode sofrer nos próximos meses. De acordo com José Carlos Martins, presidente da CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção), o forte aumento do custo dos materiais de construção deve frear o ritmo de novos empreendimentos imobiliários.

Isso porque essa alta forçará os preços de unidades na planta para cima, o que desanima as pessoas a comprarem imóveis. Em outras palavras, veremos um ritmo mais lento no segmento residencial.

Ritmo mais lento no segmento residencial

A venda de imóveis na planta em 2020 foi alta. As companhias viram um aumento na demanda diante da baixa taxa de juros e da busca por conforto. No entanto, os contratos feitos com essa taxa Selic baixa não são vantajosos, no momento, para as empresas. 

O preço dos insumos de construção civil aumentou, e as construtoras precisam construir com custo mais elevado. Em outras palavras, o custo aumentou, e o empresário deverá absorver na sua margem. 

Esse aumento do custo é parecido com o que foi visto pela construção civil no início da década passada. A demanda naquele momento também estava aquecida, os insumos básicos para a construção civil faltaram, e os preços dos imóveis dispararam. Desde o segundo semestre de 2020, há dificuldades para se encontrar aço, por exemplo.

No entanto, podemos pensar que, mesmo em um ritmo mais lento, o mercado residencial da construção civil seguirá aquecido. 

Obras comerciais do setor de saúde reforçam a solidez da construção civil

O advento da pandemia fez com que o setor de saúde se desdobrasse para atender a população. Hospitais, clínicas e outros estabelecimentos do segmento precisaram adequar suas instalações para dar conta da demanda. Por isso, o  setor teve um acréscimo de demanda sem precedentes. 

Mencionamos anteriormente que as pessoas buscaram por conforto e comodidade em suas casas. Com a baixa taxa de juros no ano passado, muitas realizaram o sonho da casa própria mediante financiamentos. Isso manteve o mercado construção civil em alta, mas houve um grande reforço das obras comerciais do setor de saúde.

Vale destacar que esse tipo de obra pode alavancar os resultados do negócio. Melhor experiência do cliente, otimização de ponto de venda, inovação empresarial e redução de custos com a modernização do layout são alguns dos benefícios das obras comerciais.

No caso do setor de saúde, o motivo era bem mais nobre: salvar vidas. E foi preciso um trabalho rápido de excelência. Neste contexto, as construtoras especializadas em obras hospitalares rápidas, como a Binar, tomaram a frente das novas construções.

E não só tivemos reformas nesses estabelecimentos de saúde, como também a construção dos hospitais de campanha por diversos governos municipais e estaduais. Ou seja, em várias frentes, a construção civil teve crescimento na área da saúde.

Possivelmente, esse crescimento continuará. Há uma tendência da modernização do setor de saúde, com a implementação “forçada” da telemedicina. Os negócios da área continuarão buscando inovações para atender melhor aos pacientes. E pode ter certeza que as empresas de construção civil continuarão sendo acionadas e farão parte dessa transformação.

Empresas sólidas com novos imóveis

Durante a pandemia, a baixa taxa Selic beneficiou muitas pessoas físicas a realizarem um financiamento imobiliário. Com os juros baixos, empresas sólidas também aproveitaram o momento para realizar obras de ampliação ou modernização de suas instalações. Para muitas delas, ter recursos disponíveis no momento é fazer um bom investimento para o futuro. 

Aproveitar-se de valores mais baixos de imóveis comerciais é uma forma vantajosa de realizar uma compra. Em pouco tempo, podem lucrar bastante com a venda ou ampliar as operações comerciais. 

Algumas companhias inclusive aproveitaram a paralisação das atividades para realizar obras comerciais. Especialmente aquelas que já tinham recursos suficientes para bancar a obra sem comprometer seu capital de giro. 

Com análise de viabilidade e planejamento, certas empresas aproveitaram os benefícios de construir um novo espaço comercial. Algumas precisavam de um espaço comercial localizado estrategicamente para aumentar as vendas. Outras pretendiam aumentar o patrimônio empresarial ou lucrar com eventual venda de um imóvel valorizado no futuro. 

Quem precisa de um local completamente personalizado aos negócios também conseguiu se beneficiar. E vale destacar ainda as empresas que realizaram reformas para manter seus locais de trabalho atualizados, de acordo com as normas vigentes, e modernizados.

Empresas sólidas realizando obras por diversos motivos continuará sendo uma tendência para os próximos meses. Ela conseguem driblar a dificuldade da alta dos insumos, pois têm maior poder de fogo no mercado.

A construção civil deve sofrer um baque nos próximos meses com a alta de insumos. No entanto, mesmo assim, é um setor muito sólido em momentos de crise. A expectativa é de que cresça menos do que nos trimestres anteriores, mas continue crescendo.

Parte desse crescimento do mercado construção civil será impulsionado pela tecnologia. Conheça as tecnologias que estão revolucionando a Engenharia Civil!